quinta-feira, 1 de abril de 2010

O DIA DO AMOR

Nesta tarde estamos todos,
Pedro, João...os doze,
meus amigos.
Tinha um grande desejo
de que chegasse este momento.
Sei que chegou a hora.
Sei que esta ceia
será a última que como convosco.

Mas por que terá de ser assim?
estamos a começar apenas. Oxalá que fosse tudo um mau pressentimento.
Tu em que acreditas, Judas?
Enfim, não vosquero pôr tristes.
Contudo, já sabeis que temos um convite
para outro banquete, mais além
na beleza do reino.
Dentro em pouco teremos que nos separar.

Meus Deus! Porque me custará tanto?
Antes quero deixar-vos a certeza
de quanto vos amei, e de quanto vos amo.
Nunca o poderei compreender.
Tem algo de mistério.
Quereria ter-vos tratado como uma mãe,
quereria alimentar-vos de mim mesmo
como fazem os pelicanos.

Não penseis que estou louco.
São coisas do amor.
Quereria dar-vos força interiormente,
estar no íntimo de cada um
e encorajar-vos a partir de dentro.
Enfim, vamos cear.
Antes, quero lavar-vos os pés,
e não me digais que não.

Agora partimos o pão e bebemos o cálice
que tem esta tarde um sabor diferente:
o do amor e da minha entrega.
O pão partido e o vinho transbordante
significam que a minha morte se aproxima.
Seja este gesto
memorial da minha morte e da minha Páscoa.

Cf. Un Manancial de Amor Inagotable, p. 136

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