"Deus não se contentou com dizer-nos que nos ama; mas, porque realmente nos ama, deu-nos o que de mais querido e precioso nos poderia dar,

dando-nos Ele mesmo, inteiramente, na Pessoa do seu Filho Unigénito"

Santa Paula Frassinetti

Na porta da minha casa...

"25 de Dezembro"

Hoje, quando regressava a casa, senti a cidade vazia. Poucas eram as pessoas que andavam nas ruas do Porto. É como se de um momento para o outro tudo ficasse mais calmo, uma serenidade estranha… porque, afinal, hoje é que é o verdadeiro Natal. Devíamos dançar, saltar de alegria, gritar pelas ruas o nome de Jesus…

É um dia para estar com a Família…isso também é verdade.

Mas, tanta correria pelas ruas do Porto… e o que fica… parece que tudo gira à volta de algo tão fugaz.

Na porta da minha casa, está o Menino Jesus… mesmo dependurado, ao vento e à chuva. Parece que quer dizer ao mundo que veio para ficar… Estampado num pano vermelho, tem uma espécie de coroa à volta da cabeça… com os braços abertos e um pezinho no ar. Há quem goste e diga: coitadinho, ao frio, pobrezinho.

Mas eu, não aprecio a imagem.

É apenas um símbolo, como outro qualquer… é só para dizer ao mundo que o Natal é o Menino, é Ele o verdadeiro Natal.

Em muitas portas, janelas e varandas está o Menino, ao frio e à chuva, a dizer-nos que ainda existem muitos “meninos” que não têm casa… muitos “velhinhos” que não têm o aconchego de um lar… muitos corações que não sentem o amor.

E o Menino Jesus fica de braços abertos,  na porta da minha casa…

Preparar o Natal...

"Tomemos como guia, a Virgem Santíssima, e vejamos como Ela se preparou para o Natal do seu Filho e seu Deus, Cristo Jesus!"

Santa Paula Frassinetti

Vinham para passar a noite...

Era tarde, quando se ouviu a minha campainha. Chegaram de forma silenciosa, eram 4 “Irmãs” e um motorista. Vestidas de branco, duas delas,com um véu na cabeça, e uma cruz no meio da testa. Eram Ortodoxas, simples e com um ar assustado… só uma, sabia falar português, as outras apenas acenavam com a cabeça e um sorriso.

Vinham para passar a noite…

Vinham para participar numa Feira de Artesanato de Matosinhos, na Exponor…

Vinham de longe, da Bielo-Rússia (um País do Leste Europeu, faz fronteira a norte com a Letónia, a Leste com a Rússia, ao sul com Ucrânia e a oeste com Polónia e a Lituânia).

Vinham de um Convento Ortodoxo de Santa Elisabete de Minsk.

Mais uma vez acolhíamos dentro das nossas paredes pessoas de outras crenças, outras culturas…

 “Preparavam-se para comer, quando fizeram uma vénia diante do quadro da última Ceia (que se encontrava no refeitório) e pronunciaram, na língua delas, uma oração”.

O gesto foi de tal maneira profundo que silenciou qualquer tipo de preconceito que pudesse existir dentro dos corações.

DEUS é Universal e abraça cada um no seu imenso Amor.

Saibamos nós acolher a diferença...

E Deus viu que era bom...

"Deus criou-nos para sermos felizes, porque Ele é feliz. Os filhos saem aos pais. Deus é Vida comunicada e partilhada. Deus é explosão de felicidade. Deus é dança misteriosa e transcendente."

Rafael Prieto Ramiro

Somos Filhos de um Pai, que transborda de Alegria.

Como podemos andar tristes, se Deus é alegria?

Como podemos fixar os nossos olhos no chão, se Deus está no horizonte, incentivando cada passo que damos?

O meu olhar se vira para Ti, Senhor e tento descobrir qual o segredo da Tua Felicidade...

Esconde-se no Mistério que és Tu, nas pequenas coisas do dia à dia, na simplicidade de um sorriso, no tempo que passa devagar... Ensina-me, Senhor, a não ter pressa de agarrar a Felicidade...

Acreditar...

"Só quem possui um grande sonho pode ajudar a transformar a sociedade... porque só o sonho atrai!"
                                              Andrea Riccardi

Santa Paula Frassinetti nunca desistiu do sonho, o sonho de Deus.

"O ADVENTO CHEGOU"

Nas duas últimas semanas, do mês de Novembro passou-se algo de inédito dentro destas minhas paredes geralmente tão povoadas pelo silêncio. Grupos de crianças, entre os 7 e os 11 anos, do Colégio da Paz, vieram fazer uma experiência de encontro com Jesus.

Foi bonito sentir as suas gargalhadas, os seus pés tão pequenos a correrem e a dançarem de um lado para o outro.

Porque isto de estar com Jesus, não é nada complicado, é até muito simples... basta sermos nós próprios e nada mais...

"Posso entrar?", era este o tema dos Encontros.

Deixar que Jesus entre no nosso coração...aprender a fazer silêncio, a saber dizer ao nosso corpo para "parar".

No final do Encontro cada criança levou um balão com uma mensagem : "Dar com Alegria".

Que este Advento esteja povoado da verdadeira Alegria, que é Jesus Cristo.

"Ser Porta Aberta"

Quero "Ser Porta Aberta"...com um Espírito Ecuménico, onde todos e todas tenham a possibilidade de entrar.

Fica esta Partilha simples e fraterna, de um grupo de Budistas, que esteve aqui, no passado mês de Novembro.

Aprendi muito de cada um, pelo sua forma delicada de ser e de estar. No simples gesto de tirar os sapatos e no silêncio profundo... transmitiram serenidade e paz.

Retiro de Silêncio

"Na tradição do Budismo Zen, um sesshin (retiro de silêncio) é uma oportunidade de "unificar a mente".
Um retiro é uma oportunidade de clarificar e aprofundar o que é realmente essencial para cada um de nós. Num retiro budista, tentamos criar as condições exteriores e interiores que permitam afastarmo-nos da agitação e dispersão da nossa rotina, de forma a podermos realmente descontrair e abrir. O ambiente envolvente, as práticas de harmonização corpo-mente, as refeições vegetarianas, o diálogo, o silêncio, reflectem esta procura de uma maior simplicidade e este processo de redescoberta de nós mesmos.

Com o desenrolar do retiro, atenuam-se as barreiras que separam o eu, o outro, o mundo. À medida que nos soltamos, a tranquilidade e a quietude dá lugar a mais disponibilidade, amplitude, alegria e mesmo gratidão. A tranquilidade faz emergir a apreciação pelas pequenas coisas e os gestos simples – os sons, os sabores, os cheiros, as sensações, o estar consigo, o estar com os outros. Um retiro oferece a oportunidade de experienciar a vida de uma forma mais leve e receptiva. Ao estarmos mais atentos e conscientes de tudo, das nossas relações de interdependência com os outros, refinamos a nossa habilidade para nos ocuparmos de nós, dos outros e do mundo, com mais compaixão e sabedoria.

“A base mais importante do nosso sesshin não são as regras, mas o silêncio. Normalmente estamos demasiado repletos de ruídos (os nossos pensamentos, ideias e lógica). Podemos desperdiçar facilmente a nossa vida, ao segui-los e perdendo-nos neles. Voltar ao silêncio, conscientes da nossa posição sentada original é, contudo, a nossa tarefa. Estejamos conscientes e em paz, façamos o que fizermos ou estejamos onde estivermos. Façamos simplesmente uma coisa a cada momento, com a totalidade do cosmos. Nada mais.” Hôgen Yamahata (mestre Zen)
Um abraço de gratidão à comunidade de Irmãs do Centro de Espiritualidade Paula Frassinetti, que nos permite aprofundar a prática do silêncio.

Delegação do Porto da União Budista Portuguesa